Nove anos do rompimento da barragem de Mariana são lembrados na ALMG
Parlamentares criticaram impunidade do crime ambiental
Os nove anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que se completaram na terça-feira (5), foi o principal assunto comentado pelos deputados mineiros na Reunião Ordinária de Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Foram feitas diversas críticas às empresas Samarco, Vale e BHP Billiton e de seus dirigentes.
O rompimento da barragem do Fundão, em 5 de novembro de 2015, destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana, matando 19 pessoas. Além disso, a lama com resíduos de mineração contaminou o Rio Doce e diversos de seus afluentes, chegando ao Oceano Atlântico e atingindo o litoral do Espírito Santo e do Sul da Bahia. Ao todo, 49 municípios foram atingidos, prejudicando milhares de pessoas.
Em 2019, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) retirou a acusação de homicídio e lesão corporal de todos os réus, uma vez que as mortes foram consideradas consequências da inundação causada pelo rompimento.
O deputado Leleco Pimentel (PT) e a deputada Bella Gonçalves (Psol) criticaram o acordo firmado entre o governo federal e as mineradoras em 25 de outubro de 2024, para reparação dos danos causados pelo rompimento. Esse acordo prevê o pagamento de mais R$ 100 bilhões ao poder público e outros R$ 32 bilhões para indenizações a pessoas atingidas e ações reparatórias.
Leleco Pimentel e Bella Gonçalves destacaram que esse acordo prevê o pagamento de apenas R$ 35 mil a alguns dos atingidos. “Isso é menos do que o salário de um ministro do STF”, comparou a deputada. Leleco Pimentel, no entanto, ressalvou que o governo federal agiu bem em assinar o acordo, uma vez que diversos crimes cometidos pelas mineradoras poderiam prescrever no ano que vem. “Com a possível prescrição, as empresas queriam ‘barrigar’ ainda mais”, afirmou o deputado.
Leleco Pimentel disse ainda ser um absurdo que as empresas tenham conseguido licenciamento para voltar a explorar minério sobre o “túmulo” de suas vítimas. Também criticou o fato de o Governo do Estado não ter realizado nenhuma solenidade para homenagear os mortos neste aniversário de 9 anos da tragédia.
Bella Gonçalves lamentou o descumprimento da Lei "Mar de Lama Nunca Mais" e disse que, ainda este ano, a empresa Anglo American ousou fazer um pedido de ampliação do alteamento a montante de uma de suas barragens, que já obriga duas mil famílias do município de Conceição do Mato Dentro a deixar suas casas. O método de alteamento a montante, muito arriscado, foi proibido pela legislação aprovada após a tragédia de Mariana.
O deputado Doutor Jean Freire (PT) também lembrou a tragédia de Mariana e criticou a estagnação de um projeto de lei de sua autoria que transforma o Rio Santo Antônio em área de preservação permanente. O Rio Santo Antônio é um afluente do Rio Doce que nasce em Conceição do Mato Dentro.
Fonte: ALMG
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