Notificações retroativas comprometem controle da incidência de dengue em Viçosa
Cidade evoluiu para "alto risco de dengue" nesta semana, mas dados atualizados na Vigilância Epidemiológica mostram que os números já estavam altos há três semanas
O boletim epidemiológico da dengue, chikungunya e zika vírus desta semana mostra que Viçosa evoluiu para situação de alto risco de dengue. Com 248 casos notificados da doença nas últimas quatro semanas, a estratégia de combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, deve mudar nos próximos dias.
A classificação de baixo, médio e alto risco é do Ministério da Saúde, que considera os números das últimas quatro semanas epidemiológicas. Cidades com até 78 casos estão em baixo risco. O médio risco tem limite de até 236 casos e quando passa disso é considerado alto risco. Já acima de 395 casos, a situação evoluiu para muito alto risco.
O último boletim também mostra os números acumulados desde o primeiro dia do ano. São 468 casos de dengue, 15 de chikungunya e nenhum de zika.
Ao Folha da Mata, o secretário de Saúde, Rainério Rodrigues Fontes, declarou que vai reforçar as estratégias de combate ao mosquito e também ampliar o horário de atendimento nas unidades de Saúde. Ele também considera a possibilidade de decretar situação de emergência em saúde pública.
SUBNOTIFICAÇÃO
Toda semana, a Vigilância Epidemiológica divulga um novo boletim, com dados das quatro semanas anteriores à publicação. Em cada boletim, o órgão atualiza os números de casos notificados, não só da última semana, mas também de semanas anteriores, que já haviam sido divulgados.
A cada atualização, os números das semanas anteriores aumentam consideravelmente. No boletim do dia 19 de fevereiro, a 7ª semana (12 a 19/02) aparecia com oito casos. Já no boletim do dia 26, a mesma semana foi exibida com 54 casos. O número foi atualizado para 90 casos no dia 04/03 e subiu para 126 casos no boletim do dia 11/03. O mesmo acontece com as demais semanas.
Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Elza Maria Vieira Demian, isso acontece porque o sistema de notificação do Ministério da Saúde permite a inserção de dados retroativos. “O boletim é produzido com dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Acontece que alguns estabelecimentos de Saúde demoram para inserir os dados no sistema. Também temos os dados de moradores de Viçosa que foram atendidos em outros municípios, que costumam entrar depois”, esclarece a coordenadora.
Em outras palavras, o boletim não mostra o número real de casos, já que a maioria das ocorrências é inserida no sistema dias e até semanas depois.
De acordo com os dados atualizados das semanas anteriores, Viçosa está em situação de alto risco de dengue desde o dia 19 de fevereiro. No boletim divulgado à época, o somatório dos casos das quatro semanas resultava em 96 casos, quando, na verdade, de acordo com os boletins divulgados posteriormente, naquela semana a cidade acumulava, pelo menos, 275 casos de dengue.
VACINA EM FALTA
Minas Gerais iniciou a vacinação contra a dengue via SUS (Sistema Único de Saúde), mas apenas em 22 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde que registram alta transmissão da dengue.
A vacina também está disponível na rede privada, no entanto, em Viçosa nenhuma farmácia está oferendo a vacina. A rede que possui três unidades na cidade informou que chegou a vender a vacina, mas as doses acabaram rápido e não há previsão de recomposição. Os laboratórios que produzem o imunizante está priorizando o fornecimento para o SUS. Outra farmácia de rede que tem unidade em Viçosa informou que ainda não recebeu autorização da Vigilância Sanitária para comercializar o imunizante, mas informou que em sua unidade em Ubá possui doses disponíveis.
Comentários (0)
Comentários do Facebook