Afundamento na Padre Serafim preocupa
A abertura de um buraco no meio da Rua Padre Serafim, no fim da manhã do último sábado, 22, coloca em xeque a qualidade de obras subterrâneas feitas no passado quando foram registrados alagamentos e interdição de imóveis naquele entorno.
Se o leitor buscar na memória se recordará de situações registradas na Praça Mário Del Giudice que obrigaram a Prefeitura a interditar alguns imóveis e promover consertos na galeria que recebe águas do Ribeirão da Conceição interligando-o ao Ribeirão São Bartolomeu. Isso tudo acontecendo debaixo do Posto Canaã, Praça Mário Del Giudice, Shopping da Moda, Rua Padre Serafim, Posto do Beto e Avenida PH Rolfs.
As manilhas não comportam o volume das águas, principalmente, durante tempestades. Vira e mexe acontece um incidente como o ocorrido há cinco dias.
A situação é tão perigosa que há mais de dois anos a Defesa Civil Municipal e o Corpo de Bombeiros de Ubá interditaram um prédio da Praça Mário Del Giudice, que abrigava oito lojas. Constatou-se o desnivelamento do piso, com consequentes rachaduras em paredes e trincas por toda parte. As lojas continuam fechadas e apesar de alguns estudos técnicos realizados, ainda não se chegou a uma conclusão sobre a causa da movimentação do solo naquela área.
De acordo com o engenheiro civil e especialista em geotécnica, Enivaldo Minette, à época, a instalação de um interceptor de esgoto pelo Serviço Autônomo de Água Esgoto de Viçosa (Saae) pode ter contribuído para o problema no local, mas a existência de vazamentos na rede de esgoto dos imóveis, que com o tempo, pode ter encharcado o solo, que já é fraco, arenoso, também pode ter sido uma causa.
O certo mesmo é que o tempo passou e nada de concreto foi feito para sanar de vez o problema.
Padre Serafim - O afundamento de parte da Rua Padre Serafim, que “engoliu” um carro sábado passado, 22, acende o sinal vermelho para a necessidade de intervenções efetivas e não paliativas como sempre acontece nessas ocasiões.
Por sorte, o proprietário, o contador Rosvaldo Ferreira de Freitas, estava sozinho no veículo e teve tempo de abandonar o mesmo à própria sorte. O prejuízo foi somente material. O carro deu perda total, segundo Rosvaldo, a Prefeitura ficou de ajudar.
Ações da Prefeitura - O secretário municipal de Governo, Luciano Piovesan, explicou que na rua existem duas galerias pluviais, uma construída nas décadas de 60-70 e outra na década de 80. Elas são utilizadas para o escoamento de toda água do Córrego da Conceição que desemboca no Ribeirão São Bartolomeu, e também as águas pluviais.
Exatamente no local do afundamento havia um “Posto de Visita - PV” construído com manilhas de um metro de diâmetro, que permitia o acesso às galerias para manutenção e inspeções. Segundo o secretário, foi exatamente este PV que cedeu para dentro da galeria, causando o afundamento da via, bem como o rompimento da adutora de água, de 250mm. Entretanto não é possível ainda afirmar o que ocorreu primeiro, se foi o rompimento da adutora causando o afundamento do PV na galeria pluvial ou se foi o afundamento do PV na galeria pluvial com o rompimento em seguida da adutora de água. Na mesma rua existem redes de telefonia subterrâneas, redes de esgotos, interceptor de esgotos, redes pluviais e uma adutora de água de 125mm.
Imediatamente após o ocorrido, a Prefeitura tomou as primeiras providências que foram a retirada do veículo do local e o isolamento da área.
Na segunda-feira, 24, foi instalado o Posto de Comando pelo secretário de Governo e realizada uma reunião com os diretores do Saae, Rodrigo Bicalho e Vicente Alvim, além de outros servidores da autarquia; com os engenheiros da Secretaria de Obras, Luís Vinícius de Castro Rangel, Moisés Mendonça Fagundes, Lucas Santana Lopes e George Gledson Frota Aragão; com o diretor Geral do Iplam (Instituto de Planejamento Municipal), Romeu Souza da Paixão; com o coordenador do Departamento de Defesa Civil, Rodrigo Cardoso; com o chefe do Detra (Departamento de Trânsito), Pedro Henrique Pinheiro Neves e com o secretário de Agricultura, Marcos Roberto Fialho. No encontro foram definidas as ações que seriam empreendidas para detectar o “epicentro”, a intensidade e gravidade do problema ocorrido e que fossem apresentadas as soluções a serem executadas.
A primeira delas foi a alteração no trânsito no entorno, permitindo que o fluxo de veículos seguisse de forma a não causar maiores impactos. Na sequência, o Iplam e a Defesa Civil fizeram uma vistoria interna e externa com emissão de laudos, em todos os imóveis no entorno do local onde ocorreu o afundamento da via, não constatando nenhum tipo de avaria ou risco nos imóveis circunvizinhos em função do ocorrido.
A Secretaria de Obras, o Saae, a Defesa Civil e o Iplam fizeram uma inspeção “in loco” nas galerias pluviais subterrâneas, pessoalmente por técnicos e funcionários e em outro trecho de menor perímetro com o uso de sonda, onde se pôde detectar que no local onde ocorreu o afundamento da via, parte da galeria subterrânea estava obstruída com terra e pedaços de concreto, podendo-se assim localizar o exato ponto onde ocorreu o afundamento da via.
Por solicitação da Defesa Civil, a Secretaria de Obras providenciou a construção de um isolamento em todo perímetro do local do acidente, com o erguimento de um tapume com folhas de madeirite, isolando completamente o acesso de pessoas estranhas às equipes de trabalho, propiciando segurança e evitando-se riscos de acidentes com terceiros nos locais de trabalho de servidores, máquinas e caminhões.
No buraco aberto, que depois de escavado está com cerca de nove metros de profundidade e oito de diâmetro, foram feitos isolamento e escoramento de redes de telefonia subterrânea, redes de esgoto, redes pluviais e do interceptor de água de 125mm.
Ainda de acordo com Luciano, toda a terra do local está sendo retirada, bem como o escoramento das laterais da cratera está sendo feito para evitar deslizamentos e queda de barrancos. O passo seguinte foi a limpeza do local do afundamento da galeria, para em seguida iniciar-se os trabalhos de reconstrução da estrutura danificada, com armação de ferragens, construção de formas e aplicação de todo o concreto.
Após esta fase, se iniciará a recomposição do aterro da via, reconstrução da adutora de 250 mm, e finalmente a pavimentação asfáltica e liberação do trânsito no local.
A expectativa é a de que toda a obra esteja concluída em 15 dias, no máximo.
Mudança no trânsito - Uma das medidas imediatas tomadas pela Prefeitura por causa do afundamento de parte do piso da Rua Padre Serafim, foi a modificação no trânsito de veículos no entorno.
O trecho da Avenida PH Rolfs que se inicia na Praça do Rosário até ao entroncamento com a Rua dos Estudantes está operando em mão dupla. A Travessa César Santana, entre a Rua Padre Serafim e a Avenida PH Rolfs, também está recebendo veículos nos dois sentidos.
Nestes cruzamentos é necessária a atenção redobrada dos pedestres, pois, os semáforos estão operando no sistema “alerta”.
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