UFV contabiliza prejuízos com o corte de verba

UFV contabiliza prejuízos com o corte de verba

Na esteira da crise das universidades federais que foram atingidas em cheio por uma redução drástica de recursos destinados pela União, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) já contabiliza, desde o início do primeiro semestre letivo de 2015, os prejuízos do corte de um terço de sua verba mensal. Alunos sentem falta de materiais básicos para a rotina das aulas, professores reclamam da dificuldade de adquirir insumos para manter laboratórios e funcionários do serviço de manutenção geral dizem que não há materiais no estoque, como lâmpadas, tomadas, pincéis, tinta e outros.
O Decreto 8.389, de 7 de janeiro de 2015, reduz em 33% os recursos mensais de órgãos subordinados à União. Enquanto o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) não for apreciado pelo Congresso Nacional, não há perspectiva de que o problema seja sanado. Por isso, o repasse de 1/12 do dinheiro mensalmente, situação comum em anos que começam sem a definição do orçamento, foi contingenciado pelo Ministério do Planejamento e caiu para 1/18 dos recursos que estavam previstos, redução de um terço. Em Viçosa, isso significa de R$ 2 milhões a R$ 2,5 milhões a menos todos os meses. O orçamento previsto para a UFV este ano é de R$ 118 milhões.
Diante da situação financeira da instituição, o pró-reitor de planejamento e orçamento, Sebastião Tavares de Rezende, afirma que a UFV tem conversado muito com dirigentes, diretores de centros e diretores dos três campi para convencê-los dessa situação, que ele supõe ser temporária, e pede que todos compreendam e se esforcem para que a universidade consiga se adaptar e terminar esse ano bem. “Sabemos que a realidade desse ano não vai ser igual à de anos anteriores”, avaliou ele.
Outra preocupação são os atrasos no pagamento de bolsas e auxílios. Dos 21 mil alunos que estudam na UFV, 5736 recebem bolsas. Alguns alunos relatam que já ficaram por quatro meses sem o auxílio. A situação preocupa os estudantes.
Por enquanto, a Universidade descarta a possibilidade de paralisação de qualquer setor da instituição por causa do corte de gastos. De acordo com o pró-reitor de planejamento e orçamento da universidade, o ajuste financeiro deve tentar preservar ao máximo o orçamento destinado às bolsas de manutenção estudantil. Sebastião também pretende não interferir na continuidade das aulas práticas, nem no funcionamento dos laboratórios.
As obras já iniciadas, como o Restaurante Universitário II, também vão continuar. Mas a expansão da universidade vai precisar esperar um pouco. Por enquanto, as licitações de novas obras não vão acontecer. Viagens e participações em eventos também vão diminuir. A meta da UFV é economizar até 30% em diárias, passagens aéreas e deslocamentos. A substituição de mão-de-obra nas empresas terceirizadas também está suspensa.
“O nosso desafio é chegar ao final do ano com os dois semestres concluídos, sem nenhuma interrupção. Não trabalhamos com essa hipótese”, finalizou o pró-reitor, que espera, ainda, que a situação melhore um pouco na segunda quinzena desse mês, depois da sanção da lei orçamentária pela presidência da república.