Mensalidade escolar e alimentação pressionam inflação em Viçosa
Em Viçosa, os custos com a educação subiram 7,29% em janeiro
A inflação do mês de janeiro, calculada pelo Departamento de Economia da UFV, foi de 1,07%, índice ligeiramente superior ao registrado em dezembro (1,04). A tendência de alta dos preços em janeiro, embora mais intensa, foi também verificada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tal índice, que é utilizado pelo governo como a medida da inflação oficial do país, aumentou de 0,78% em dezembro para 1,24% em janeiro.
Já o custo da cesta básica disparou no município de Viçosa em janeiro, apresentado elevação de 8,72%, bastante superior a verificada em dezembro (0,78%).
Em janeiro de 2015, os sete grupos que compõem o IPC-Viçosa tiveram as seguintes variações: Educação e Despesas Pessoais (4,92%), Artigos de Residência (4,36%), Alimentação (1,00%), Habitação (0,99%), Transporte e Comunicação (0,82%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,04%), e Vestuário (-2,72%).
Detalhando o comportamento do IPC-Viçosa no mês de janeiro, observou-se que dos sete grupos que compõem o índice, seis apresentaram inflação:
• Educação e Despesas Pessoais (4,92%), com ênfase nos aumentos de preço dentro do subgrupo Educação (7,29%), devido ao reajuste anual das Mensalidades e Taxas Escolares (9,27%).
• Artigos de Residência (4,36%), com destaque para os itens Mobiliário (9,46%) e Eletrônicos (3,48%). No primeiro se destaca o aumento de preço do Conjunto de sofá 2 e 3 lugares (15,31%), e no segundo, destaque para Televisão de 14 polegadas (17,01%) e Televisão de 24 polegadas (14,53%).
• Alimentação (1,00%), ressaltando-se os aumentos ocorridos nos itens Tubérculos, Raízes e Legumes (23,67%), com destaque para os seguintes produtos: Tomate (69,50%), Feijão Carioca (42,83%), Batata Inglesa (41,08%), Repolho (31,63%), Abacate (26,88%) e Banana Prata (23,06%). Outros itens que tiveram variações consideráveis foram: Carnes processadas (5,14%), Hortaliças e Verduras (4,99%), Oléos e Gorduras (3,93%) e Carnes bovinas (2,43%).
• Habitação (0,99%), no qual o destaque deu-se no item Empregados Domésticos (5,77%), devido ao reajuste do salário das empregadas domésticas (8,84%), que é vinculado ao reajuste anual do salário mínimo. O subgrupo Reforma e Manutenção apresentou alta de 4,42%, merecendo nota os reajustes de preços em Material de Pintura (12,88%), Material de Construção (3,36%) e Mão de Obra (3,59%).
• Transporte e Comunicação (0,82%), registrando maior aumento de preço no item Transporte Coletivo Interurbano (6,43%), com destaque para o aumento no preço da passagem Viçosa/Juiz de Fora (9,26%) e Viçosa/Belo Horizonte (9,22%).
• Saúde e Cuidados Pessoais (0,04%), com ênfase nas altas de preços nos itens Produtos para Barba (30,63%), Produtos para Cabelo (15,83%) e Material para Curativos (7,74%). No subgrupo Assistência à Saúde, o destaque foi o reajuste nos Planos de Saúdes (3,25%).
O Grupo Vestuário foi o único a apresentar deflação no mês de janeiro (-2,72%), com destaque para as reduções de preço nos subgrupos Roupas (-2,87%) e Calçados e Acessórios (-2,62%). Tais quedas decorrem das promoções e liquidações de estoque de verão promovidas pelos estabelecimentos comerciais em virtude da proximidade do lançamento das coleções outono/inverno.
Em relação aos grupos que sofreram a maior elevação no mês corrente, é interessante tecer mais comentários acerca da elevação no Grupo Educação e Despesas Pessoais, assim como da ocorrida nos Grupos Alimentação e Habitação, as quais apresentam o maior peso no orçamento do consumidor viçosense.
Iniciando-se pelo Grupo Educação e Despesas Pessoais, como tradicionalmente ocorre em janeiro, o fator que mais contribuiu para o resultado desse grupo foi o reajuste das mensalidades escolares, as quais aumentaram, em média, 9,27%. Os reajustes no preço das mensalidades foram os seguintes: Educação Infantil (8,22%), Ensino Fundamental (6,89%), Ensino Médio (7,12%), Ensino Superior (4,62%), Curso Pré-Vestibular (17,57%), Curso de Informática (6,58%) e Curso de Língua Inglesa (9,52%).
Já para o Grupo Alimentação, o calor intenso e a estiagem de chuva prolongada são os fatores responsáveis pelos aumentos recorrentes dos produtos desse grupo nos últimos meses. Os aumentos expressivos em janeiro do tomate (69,50%), da batata inglesa (41,08%), da banana (23,05%) e do feijão vermelho (8,44%), pertencentes a esse grupo, foram determinantes para a expressiva elevação no custo da cesta básica verificada no mês corrente.
Por fim, para o Grupo Habitação, é importante destacar que em relação ao item Empregados Domésticos, com o reajuste do salário-mínimo, ocorre aumento, também, no valor da contribuição para a previdência social, além do 13º salário e do 1/3 de férias (Tabela 3).
Como se pode perceber, para se manter um empregado doméstico por um ano, o consumidor terá de desembolsar R$945,49 a mais do que no ano anterior.
Ainda em relação ao Grupo Habitação, destaca-se que diferentemente do ocorrido no IPCA, no qual a energia elétrica apresentou aumento de preço de 8,27%, em Viçosa, tal serviço ainda não apresentou tal reajuste. Sobre esse ponto, cabe destacar que o IPC-Viçosa utiliza para base de cálculo da energia elétrica a tarifa B1 residencial, estabelecida pela Cemig, a qual de acordo com informações colhidas diretamente no site da referida companhia, pelo menos por enquanto, ainda não apresentou alteração de preço do Kilowatt.
Analisando a cesta básica no mês corrente, o significativo aumento no seu custo em janeiro para Viçosa, foi também verificado a nível nacional. Segundo a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço de tais produtos aumentou em 17 das 18 capitais para as quais a pesquisa é realizada. Em Belo Horizonte, por exemplo, o aumento do valor da cesta básica foi de 6,81%.
O trabalhador viçosense que ganhou um salário-mínimo de R$788,00, em janeiro, gastou 36,38% de sua renda para adquirir os produtos que compõem a cesta básica de alimentação. Dessa forma, após a aquisição da cesta básica, restou ao trabalhador R$501,34 para atender às demais despesas de moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, vestuário e transporte.
Em termos de horas trabalhadas, no mês de janeiro, foram necessárias 80,03 horas para adquirir os produtos da cesta básica de alimentação.
Comentários (0)
Comentários do Facebook