Mais empresas abriram do que fecharam durante a pandemia em Viçosa

Em meio à pandemia, Viçosa abriu 122 empresas a mais do que fechou em 2020. O levantamento, obtido pelo Folha da Mata junto à Secretaria de Fazenda, mostra que foram abertas 316 empresas no ano passado, enquanto outras 194 foram encerradas.

No entanto, os dados do ano anterior mostram que a quantidade de novos negócios reduziu drasticamente no ano pandêmico. Em 2019, antes da pandemia, foram inscritas 718 novas empresas junto à Prefeitura, o dobro de 2020. Naquele ano foram fechadas 240, um saldo positivo de 478 novos CNPJs em funcionamento.

O balanço da Secretaria de Fazenda revela ainda que, nos primeiros meses de 2021, o número de novos CNPJs superou a quantidade do ano anterior. Já são 334 novas empresas abertas, segundo o balanço de janeiro a abril de 2021. Em contrapartida, o número de fechamentos não acompanhou o crescimento na mesma proporção. Foram apenas 66 baixas até o mês de abril.

Os dados contemplam apenas as empresas que legalizaram seus negócios junto à Prefeitura. Segundo a chefe do departamento de Gestão Tributária, Simone Pereira Viana, é possível que o número de empresas que abriram seja ainda maior. Isso porque alguns empreendedores, principalmente os categorizados como microempreendedores individuais (MEI), não regularizam seus negócios junto à Prefeitura. O mesmo vale para o número de empresas que fecharam, uma vez que, segundo Simone, muitas empresas não dão baixa de encerramento junto ao órgão.

ABRIU NA PANDEMIA

A maior parte da população flutuante universitária não está presente na cidade desde março de 2020 e vários comércios fecharam as portas, principalmente do ramo alimentício. Outros vários se adaptaram, reinventaram, e se sustentam pelo consumo da população residente. Nas ruas, é possível atestar que muitos negócios fecharam, mas muitos também abriram nos últimos dois anos.

A pandemia e a ausência dos estudantes não intimidou os empresários Marcos Reis e Ana Paula, casal de sócios que abriu, em janeiro deste ano, em Viçosa, a sua primeira loja conceito de cafés a granel, que está em processo de se tornar, também, a primeira franquia do tipo. A loja é um braço da empresa especializada em venda de cafés especiais produzidos na região.

A abertura da loja, localizada na travessa César Santana, foi a alternativa encontrada pelo casal diante queda na venda do produto gourmet durante a pandemia, como explica Ana Paula: “Nossos clientes eram somente pessoas jurídicas, como cafeterias e supermercados, mas as medidas de isolamento e a perda de poder aquisitivo das pessoas fez com que nosso produto perdesse venda para o café convencional. Isso nos instigou a passar a vender direto para o cliente final, onde temos mais liberdade para ensinar sobre nosso produto e educar os clientes”, conta.

Para a empresária, o grande número de empresas abertas na pandemia pode estar associado ao desemprego: “Muitas pessoas veem no empreendedorismo a única possibilidade de renda, mas minha preocupação são as dificuldades que muitos vão enfrentar. Nós somos empreendedores há 7 anos e sabíamos das dificuldades que iríamos encarar, mas muitos não têm habilidade com burocracia e outras questões que podem acabar fazendo- -os desanimar e fechar”, salientou.

A loja recém-inaugurada teve que se adaptar, logo nos primeiros meses de funcionamento, devido às regras impostas pela Onda Roxa do Minas Consciente. O movimento nas ruas caiu e o faturamento também. O delivery foi implantado como medida alternativa e deu certo, segundo Ana Paula. Sobre o possível impacto econômico causado pela ausência dos estudantes, a empresária pensa diferente. Para ela, “Viçosa existe economicamente sem a universidade, não é dependente dela, mas é muito mais promissora com a UFV funcionando”, afirma a gerente de relacionamento da empresa, que comemora saldo positivo nas vendas da loja experimental.