Funcionários do HSJB protestam por falta de pagamento

Funcionários do HSJB protestam por falta de pagamento

O atraso no pagamento e a falta de diálogo por parte da direção foram motivos apresentados pelos servidores do Hospital São João Batista de Viçosa, para justificarem uma manifestação de protesto que realizaram no início da tarde desta segunda-feira, 20.
O evento foi divulgado nas redes sociais, onde o enfermeiro Willian Douglas Cardoso dizia que os funcionários do hospital não aguentavam mais o atraso no pagamento dos salários e que, além disso, estavam faltando no HSJB materiais básicos como luvas, algodão, papel toalha, antibióticos e soro. Disse também que os pacientes internados pelo SUS (Sistema único de Saúde) estão tendo de pagar por exames e por alguns procedimentos.
Como forma de protesto, eles se reuniram em frente ao hospital e com cartazes e nariz de palhaço pediam pelo salário em dia, por mais diálogo e por transparência nas contas do hospital.
A direção do HSJB e o Departamento Jurídico da entidade entenderam que Willian denegriu a imagem do hospital ao divulgar informações, por eles consideradas inverídicas e inflamando os servidores à manifestação. O enfermeiro acabou demitido por justa causa, mas de acordo com o sindicato da categoria, haverá recurso dessa decisão como forma de garantir os direitos do funcionário.

Hemodiálise - No fim da manhã desta quarta-feira, 22, foi a vez dos funcionários do Setor de Hemodiálise do HSJB, se manifestarem contra a falta de pagamento de salários pela direção do hospital.
Com frases de insatisfação pelo descaso com os trabalhadores; pelo atraso no pagamento de salários e por melhores condições de trabalho, os profissionais da hemodiálise, apoiados por pacientes atendidos no setor, pediram urgência na regularização da situação.
Os políticos e a direção do HSJB foram hostilizados com frases de efeito, mas os médicos do setor foram poupados.

Atraso - Os salários de outubro, que já deveriam ter sido pago desde o 5º último dia útil de novembro, somente deverá ser depositado nas contas dos servidores no mês que vem.
Segundo o diretor Administrativo do HSJB, Sérgio Pinheiro, desde o início do ano os salários vêm sendo pagos com atraso e que os funcionários foram cientificados disso.
Nesse mês, a situação se agravou porque houve a necessidade da quitação de alguns impostos que estavam em atraso, como por exemplo, o INSS e o Imposto de Renda. Sérgio disse que a quitação desses impostos tinha de acontecer para não atrapalhar a negociação que está sendo feita com a Caixa Econômica Federal para a liberação de mais um empréstimo, dinheiro que será usado para a quitação da folha de pagamento, inclusive o 13º.

Crise - A crise financeira do HSJB vem de muito tempo e é sempre reclamada pela administração do hospital, que luta para receber uma dívida de mais de R$1 milhão do Governo do Estado de Minas Gerais. Pelos números apresentados, somente com procedimentos relativos ao CTI (Centro de Tratamento Intensivo), a dívida ultrapassa a casa dos R$ 400 mil. Do Pro-Hosp (Programa de Fortalecimento e Melhoria da Qualidade dos Hospitais do SUS), mais de R$ 400 mil também estão pendentes. No Serviço de Hemodinâmica a dívida supera os R$ 20 mil e no Setor de Nefrologia a inadimplência do Governo de Minas vai além dos R$ 200 mil.

Repasses - Nem mesmo a recontratualização com a Prefeitura, dos serviços prestados, entendida como uma forma de ajudar na solução desse grave problema parece estar surtindo efeito.
De acordo com o divulgado pela assessoria da Prefeitura, somente ao Hospital São João Batista será paga a importância anual de R$ 9,1 milhões, em 12 parcelas mensais de mais de R$750 mil.
Só com a folha de pagamento, de 390 funcionários, é gasto, mensalmente, a importância de R$ 790 mil.

Direção Clínica - A reportagem do jornal conversou, na tarde desta terça-feira, 21, com o diretor Clínico do Hospital São João Batista, o médico anestesista, Ernani Danilo Einloft Junior, sobre o assunto. Ele disse que o movimento dos funcionários é legítimo e que a falta de pagamento, em alguns casos, é de até dois meses. Disse também que a administração do hospital é política e que até honorários médicos estão sendo retidos. Ernane confirmou a falta de materiais básicos denunciada pelos funcionários e disse que os anestesistas estão tendo de comprar, com seus próprios recursos, os implementos para o desempenho de suas funções.
Ele afirmou que a precária situação financeira do hospital vem de longas datas, mas que o problema não é solucionado devido a falta de uma administração mais profissional na entidade.