Dupla condenada à prisão por assaltos
Penas somadas ultrapassam os 20 anos de reclusão
Odárcio de Carvalho Generoso (Darcinho, 23) e João Gabriel Rodrigues de Souza, 19, foram condenados pela justiça de Viçosa a reclusão por 14 anos, nove meses e 10 dias, o primeiro, e a seis anos, nove meses e 23 dias, o segundo.
Consta os autos do processo que João Gabriel e Odárcio foram presos pela Polícia Militar na manhã de sábado, 6 de dezembro de 2014. Os dois são apontados como autores de dois assaltos a mão armada, ocorridos na sexta-feira, 4 de dezembro, e na manhã de sábado, 5. O segundo assalto ocorreu no Pague Fácil Caixa Total, localizado na rua Professor Sebastião Lopes de Carvalho, centro de Viçosa.
Segundo uma das vítimas, os dois meliantes invadiram a loja e João Gabriel fechou a porta de vidro e ordenou que todos os clientes colocassem as mãos para cima e se encostassem na parede. Darcinho pulou o balcão, rendeu duas funcionárias e pegou R$ 1.200. Quando perceberam a aproximação de uma viatura que patrulhava as redondezas, eles fugiram do local numa motocicleta. Numa ação rápida a polícia conseguiu abordar os dois, quando fugiam numa motocicleta Yamaha/Lander preta, placa PVB-5581, a poucos metros do local do crime. Os militares estavam numa viatura e seguiram pela contra mão de direção pela parte baixa do balaústre e interceptaram os criminosos em sua fuga. Os dois acabaram batendo em dois veículos, um Toyota Etios e um VW/Fusca, e caíram, quando João Gabriel, que pilotava a moto, foi abordado e preso. Com ele foi encontrada uma carteira com R$ 220, além de um revólver calibre 38, que ele carregava na cintura.
Seu comparsa, Darcinho, fugiu no sentido à Praça Emílio Jardim e foi perseguido por um militar e durante a fuga, abordou uma motorista que passava pela via num Fiat/Pálio preto, e a fez refém. Darcinho tentou roubar o veículo para auxiliá-lo em sua fuga e chegou a atirar na direção da cabeça da condutora, que se abaixou ,não sendo alvejada. O vidro da porta do motorista foi atingido. Mesmo assim, a condutora foi rendida pelo assaltante, que a retirou do carro e a agrediu, colocando uma arma em sua cabeça. Enquanto um policial tentava conversar com Darcinho, a vítima conseguiu se desvencilhar dele, correr e se esconder numa padaria. Darcinho então passou a atirar na direção do militar, que revidou e o alvejou. Mesmo assim ele conseguiu fugir a pé, mas acabou sendo preso mais tarde. No local da abordagem os militares encontraram uma mochila preta, com um contracheques em nome de uma pessoa que trabalha em um laticínio, na Colônia Vaz de Mello, zona rural de Viçosa, assaltado no dia anterior. Um funcionário do laticínio reconheceu seus pertences, o que colocou João Gabriel e Darcinho como principais suspeitos do assalto.
Na troca de tiros, o vidro de uma agência dos Correios, na praça Emílio Jardim ficou estilhaçado ao ser atingido por um disparo.
Prisão de Darcinho
Os policiais procuraram Darcinho na casa de seu pai e foram informados de que ele teria saído de casa pela manhã na companhia de João Gabriel.
Darcinho foi encontrado na casa de Jeferson Inácio Maciel dos Santos, 21, onde se escondia. Lá havia outros indivíduos que tentaram fugir. Todos foram abordados pelos militares, que arrombaram a porta, e detiveram Darcinho, Jeferson e Edmar da Conceição Inácio, 25 e aprenderem dois aparelhos celulares e uma bucha de maconha. De acordo com a polícia, a moto usada no crime teria sido emprestada por Jorge Maciel da Silva, 21. Ele foi localizado em seu local de trabalho e informou que havia emprestado a moto no dia anterior a Darcinho para ele ir ao presídio de Viçosa, onde cumpre pena como albergado, alegando que não sabia do crime cometido pelos colegas. A polícia apreendeu um capacete, seis balas, dois revólveres, dois celulares, além de uma mochila preta, uma bucha de maconha e a moto que estava com a placa adulterada. Darcinho e João Gabriel foram presos e Jeferson e Jorge Maciel detidos.
Roubo na Minas Colonial
Darcinho e João Gabriel também foram condenados pelo assalto ao Laticínios Minas Colonial, no dia anterior. A mochila encontrada com eles é a mesma que foi roubada na empresa na tarde de sexta-feira, 5, onde os assaltantes transportaram os R$ 10 mil roubados. Um dos proprietários da empresa Minas Colonial pagava alguns funcionários no almoxarifado quando os dois criminosos armados com revólveres calibre 38, com coronha de madeira, oxidados, renderam um funcionário e roubaram sua mochila onde estava seu contracheque e um molho de chaves. Os autores roubaram o dinheiro que estava sobre a mesa e em gavetas e fugiram numa motocicleta Honda 150, cinza que estava atrás do muro próximo ao campo de futebol na Colônia Vaz de Melo. João Gabriel foi reconhecido por uma das vítimas, quando se abaixou para colocar o dinheiro na mochila e deixou levantar a viseira do capacete que encobria o seu rosto.
Condenações
O Promotor de Justiça requereu a condenação de João Gabriel e Odárcio pela prática, por três vezes, do crime de roubo e de adulteração de veículo. Quanto a Odárcio, pediu pela condenação, ainda, pelo delito de latrocínio tentado e de disparo de arma de fogo.
O latrocínio tentado foi descartado durante o julgamento, já que o juiz considerou que não era objetivo de Odárcio matar a vítima para garantir a posse do automóvel. O tiro atingiu a porta, mais precisamente na extremidade dela com o vidro. Fosse intenção cometer latrocínio, estando a um metro da inerme mulher, teria conseguido sem problemas.
Para a caracterização de latrocínio o criminoso executa a vítima para garantir a posse da coisa, circunstância que o caderno processual não demonstra. Não foi essa, segundo transpira da prova, a intenção de Odárcio, estando claro que o disparo contra o carro visava destrancá-lo para, de posse dele, ganhar o mundo. O objetivo não era exterminar a motorista com o propósito de tornar exitosa a subtração, diminuindo o crime ao de roubo circunstanciado.
Quanto ao crime de adulteração de sinal identificador do veículo, o juiz absolveu os réus por entender que não há provas nos autos de que tenha sido João Gabriel e Darcinho, os adulteradores da placa. Eles apenas usaram o veículo, que pode ter sido adulterado por uma terceira pessoa, não identificada.
Por ser primário, ter bons antecedentes e menos do que 21 anos no dia do crime, o juiz atenuou a pena de João Gabriel, mas não considerou com espontânea, sua confissão, já que foi preso em flagrante pelo assalto ao Pag Fácil e negou sua participação no assalto à Minas Colonial e, em juízo, e na tentativa de inocentar Darcinho, João Gabriel apontou um tal Victor (falecido poucos dias depois dos assaltos) como sendo o mentor dos crimes e seu comparsa nas investidas.
Como agravante, considerou-se o emprego de violência, a conduta nada exemplar dos réus, a motivação do crime, por não ter contribuído as vítimas para os eventos criminosos, por terem agido em dupla.
Já Darcinho, que é reincidente, teve pena maior por ter, durante a fuga, tentado assaltar uma pessoa e de ter trocado tiros com a polícia.
Os réus poderão recorrer da decisão, encarcerados.
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