Combate à dengue é intensificado, mas sobram pernilongos

Saneamento básico precário, falta de chuvas e calor sustentam a proliferação dos pernilongos

Combate à dengue é intensificado, mas sobram pernilongos

O Comitê de Combate à Dengue de Viçosa se reuniu no último dia 24, com o objetivo de discutir ações intensivas de combate à dengue no município. Entre as medidas apresentadas estão um mutirão de limpeza em locais de maior incidência de focos; campanhas educativas nas escolas, em parceria com a Secretaria de Educação; e a aquisição de um drone, para detecção de lugares que possam acumular água parada e virar criadouros, nos quintais das residências e em objetos expostos a céu aberto, como garrafas pets, vasos de plantas, calhas, piscinas, caixas d´água e lajes sem coberturas.
O chefe do Departamento de Vigilância e Saúde da Prefeitura de Viçosa, José de Arimathéa Silveiras Marques, informou que além do trabalho cotidiano, todas as UBS - Unidades Básicas de Saúde já contam com um agente de endemias para trabalho de prevenção nos bairros de maior incidência do Aedes aegypti. Mas ressalva que “A maior aliada do combate à dengue é a própria população. Por isso, é necessária a participação de todos, denunciando possíveis criadouros e facilitando a entrada dos agentes nas residências”. Em Viçosa, de acordo com os dados epidemiológicos levantados, em 2017 foram registrados apenas sete casos confirmados de dengue, uma diminuição significativa se comparado ao ano de 2016,quando foram confirmados 3.247 casos da doença.
Para melhor controle da ocorrência do vírus transmitido pelo Aedes aegypti, a Prefeitura criou no meio deste ano o Comitê Municipal Permanente de Mobilização, Prevenção e Controle da Dengue, Febre Amarela, Zika e Chikungunya, com a finalidade de acompanhar, monitorar, avaliar e mobilizar ações de combate e prevenção da dengue, febre amarela, zika e chikungunya. O Comitê é constituído por técnicos e representantes de instituições, entidades da sociedade civil e órgãos públicos. A coordenadora da Vigilância Ambiental, Lilian Souza, informou que até a sexta-feira, 27, será concluído o Levantamento de Índice Rápido (Lira), “gerando informações oportunas para orientar e aumentar a eficácia do combate ao vetor Aedes aegypti no trabalho de rotina nos bairros de maior incidência”.

Pernilongos
Há pelo menos quatro meses os pernilongos invadiram a cidade, não dando sossego a ninguém, seja no centro da cidade, seja em bairros de classe alta ou nos periféricos. A situação chegou a um nível de incômodo tão grande que várias reclamações vêm sendo, sistematicamente, encaminhadas à redação do jornal Folha da Mata. Os reclamantes dizem não saberem a quem mais recorrer, já que a Prefeitura não toma as devidas providências. O registro é do leitor que mora no bairro Clélia Bernardes, próximo ao Córrego da Conceição.
Segundo o entomologista da UFV Gustavo Ferreira Martins, especialista em insetos, a grande quantidade de pernilongos registrada na cidade ocorre devido à falta de saneamento básico e por causa do clima quente e seco. “Desde agosto, com as altas temperaturas e sem chuvas, aumentou a quantidade de matéria orgânica nos córregos da cidade que recebem esgoto, fonte de alimento para os pernilongos”.
Segundo a coordenadora do Serviço de Vigilância Ambiental, Lilian Souza, a aplicação de inseticidas, ou o "fumacê", é recomendado pelo Ministério da Saúde somente em casos de epidemia de dengue, febre amarela, zika e chikungunya. Outro problema é que o veículo e os produtos normalmente utilizados nessa situação pertencem à Regional de Saúde e somente podem ser liberados pelo Sinam (Sistema Nacional de Agravos e Notificações). “O Ministério não autoriza a aplicação do “fumacê” para os mosquitos, porque pode causar efeito inverso, ou seja, causar resistência deste e de outros vetores e o produto vir a não fazer efeito no momento em que efetivamente for necessária a sua aplicação”, completa Lilian Souza.