Carnaval não terá “Vem quem quer”, nem escolas de samba

Carnaval não terá “Vem quem quer”, nem escolas de samba

Uma decisão surpreendente foi tomada pelo carnavalesco Francisco Assis de Souza Castro, o popular Jeremias, na manhã dessa quarta-feira, 10. Depois de abrilhantar e abrir oficialmente o carnaval de Viçosa nos últimos 39 anos, o tradicional bloco carnavalesco “Vem Quem Quer” não se apresentará em 2018.
Segundo Jeremias a decisão levou em conta o momento atual de crise financeira vivenciada em todos os setores da economia popular e a desmotivação que tomou conta dos carnavalescos esse ano. Jeremias prometeu voltar com força total em 2019, com uma grande festa para marcar os 40 anos do bloco.

O bloco
O bloco “Vem Quem Quer” desfila desde 1979, surgido de uma fusão com o bloco “Batuqueiros da Colina”, criado em reunião na casa do senhor Sebastião Salgado e de dona Dalva, no Bairro de Lourdes, depois que um temporal caiu na cidade suspendendo o carnaval de rua daquele ano.
Em 1980 a história continuou, só que na Rua dos Passos, em frente à venda do “Murrudo”, na esquina com a rua Afonso Pena, tudo sob a coordenação dos foliões Francisco Assis de Souza Castro (Jeremias), Cássio Eurico Sales Tibúrcio (Cassinho), Erli Júlio (Zulu), José Flávio Gamarano, Eugênio Antônio do Nascimento (Gena), José Maurício Lopes Pinto (Murrudo) e Wagner Queiroga Ferreira, responsáveis pela fundação do bloco que tinha como principal meta manter a tradição das marchinhas que animavam os antigos carnavais.
Para cada ano ficou a proposta da saída do grupo com marchas próprias, compostas para cada desfile, a princípio, com música e arranjo do saudoso maestro Expedito Gomes de Castro e com letras das marchinhas do Jeremias.
O bloco já desfilou com bateria, banda (Oswaldinho e Lira Antônio Chequer), trio elétrico e sem nenhum som acompanhando.
Também deram suas contribuições para o sucesso do grupo o saudoso maestro Francisco Salgado, compondo músicas para as letras das marchinhas. e Izauro e Betinho gravando as músicas. Uma contribuição forte foi a chegada do saudoso Babá, com o seu trio elétrico pondo fim ao emblemático problema da falta do som. O maestro Rogério Moreira Campos, regente musical na Universidade Federal de Viçosa, hoje aposentado, chegou para somar nas composições das marchinhas do Bloco.
Em 2006, um novo parceiro, a Banda Eros - que já tivera participação muito especial na gravação da música “Antraz” – gravou “Cooper”. Atualmente o bloco desfila sob o som do “Tigrão”.

Escolas de Samba
Se o carnaval desse ano não terá a presença mais que tradicional do “Vem Quem Quer” outra ausência sentida será a das escolas de samba.
A Prefeitura anunciou nesta terça-feira, 9, que não realizará a festa oficial de carnaval devido à crise decorrente da queda de repasses de recursos estaduais e federais.
O secretário municipal de Cultura, Paulo Roberto Cabral, em reunião com os presidentes das Escolas de Samba da cidade, comunicou que não haverá repasse de recursos financeiros às escolas esse ano. Disse que a partir de março a Prefeitura apoiará as escolas que queiram promover atividades para arrecadação de fundos visando o carnaval de 2019.
Presentes à reunião com o secretário de Cultura, os representantes das Escolas de Samba, Terezinha, Glorinha e Cláudio (Unidos dos Passos), Avelino (Turunas do Vale) e Jorge Biriba (Nova Viçosa) não ficaram satisfeitos com a decisão, mas prometeram se empenhar para que a apresentação das escolas na avenida possa acontecer em 2019.
Apesar do cancelamento do desfile das escolas, a administração municipal informou que manterá o apoio logístico às comunidades que promoverem blocos carnavalescos, assim como o tradicional evento religioso Seara, que começa no dia 9 de fevereiro no campus da Universidade Federal de Viçosa.

Liga
Imediatamente após a reunião com o secretário, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Viçosa, Francisco Assis de Souza Castro (Jeremias), oficializou aos presidentes das Escola de Samba de Viçosa o seu desligamento como presidente da entidade. A renúncia foi em caráter irrevogável sem, contudo, ter sido informado o motivo.
Jeremias, em dos trechos do ofício encaminhado às Escolas, diz que “estarei sempre à disposição das agremiações do samba de Viçosa, na busca de um desfile cada vez mais dinâmico, honrando a tradição de tantos carnavalescos que ilustram os antigos carnavais de nossa cidade”.
Nenhum dos representantes das Escolas de Samba comentou sobre a decisão.