Seca e calor aumentam número de pernilongos em Viçosa
Relatos de noites mal dormidas por causa da grande quantidade de pernilongos já viraram comentários cotidianos nas últimas semanas, em Viçosa. O barulho, as picadas e até a presença desses bichos no mesmo ambiente têm impedido que muitas pessoas descansem durante a noite. Segundo o professor do Departamento de Biologia Geral da UFV, Gustavo Ferreira Martins, isso se deve ao longo período de estiagem das chuvas, que aumenta a disponibilidade de matéria orgânica, principalmente nos córregos da cidade que recebem esgoto, que serve de alimento para os pernilongos. “As formas imaturas do pernilongo Culexquinquefasciatus, como por exemplo as larvas, vivem em locais onde a água é rica em detritos, portanto, onde há comida disponível”, explica o professor. E nessa época do ano, o calor também faz com que o ciclo reprodutivo seja mais curto, aumentando a população dos mosquitos indesejáveis.
O professor ainda explica que a falta de chuvas também contribui para o aumento dos insetos. “Reparem que alguns dias após a chuva, a quantidade de pernilongo reduz, porque a chuva lava os córregos levando consigo o excesso de matéria orgânica acumulada nos córregos, o que reduz a procriação das larvas”.
O estudante de Ciências Contábeis da UFV, Marcos Moia, relata que já perdeu muitas noites por conta dos mosquitos. “O problema não é tanto as picadas, mas o barulho. Mesmo com o cobertor, as horas passam e o som deles acaba nos impedindo de dormir”. Marcos mora às margens do Ribeirão São Bartolomeu, uma área com mais incidência de mosquitos justamente por causa da presença da água onde as larvas são criadas. “Por sorte, alguém me contou sobre aquela raquete de matar mosquitos. Agora, além do spray, eu fecho portas e janelas e mato aqueles que ainda estiverem no quarto”, explica o estudante.
Segundo o professor Gustavo Martins, ao contrário do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, o Culexnormalmente pica à noite, quando as luzes já estão apagadas. O mosquito não transmite dengue, mas pode transmitir outras viroses, mais raras e também a filariose, uma doença já controlada no Brasil. Ele orienta que o uso de inseticida é a opção mais segura para matar os indesejáveis pernilongos em curto prazo, mas o ideal, segundo o especialista é a canalização do esgoto da cidade e a limpeza de áreas onde haja coleções de água suja.
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