Paulo Lamac conhece de perto tecnologia que descarta construção de barragens de mineração
Integrantes da Comissão Extraordinária das Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, criada para apurar responsabilidades e indicar soluções para impedir tragédias como a ocorrida, em novembro, em Mariana, visitaram, na manhã de segunda-feira, 18, a Mina Ferro Mais, em Ouro Preto (Região Central do Estado). O objetivo foi conhecer o processo e os equipamentos utilizados na empresa para o reaproveitamento de resíduos decorrentes da atividade minerária, em substituição às tradicionais barragens líquidas de rejeitos.
O deputado Paulo Lamac (Rede) participou da visita e destacou a implantação de tecnologias mais modernas de destinação de resíduos como forma de evitar eventuais danos às pessoas e ao meio ambiente. “É possível avançarmos em novas tecnologias para evitar desastres e sofrimento como o que se seguiu ao rompimento da barragem em Mariana”, afirmou. Lamac ressaltou, porém, que não será possível eliminar de vez o problema das barragens com resíduos líquidos, uma vez que “nem todas as conformações geológicas permitem esse tipo de aproveitamento”.
A tecnologia usada na Mina Ferro Mais, criada na Finlândia e produzida na China, substitui as tradicionais barragens de contenção pelo empilhamento a seco de rejeitos da mineração. Conforme explicaram diretores e técnicos da empresa, o que ocorre é o uso de equipamentos de filtragem para retirar a umidade dos rejeitos, resíduos que sobram do beneficiamento do minério de ferro que será comercializado.
O processo de filtragem permite retirar dos rejeitos mais de 80% da umidade que sobra após o beneficiamento. Ao passo que, nas barragens de rejeitos tradicionais, ocorre justamente o contrário. A umidade que fica nos rejeitos depositados nas barragens chegaria a 70%, gerando um nível elevado de água, como o que provocou o mar de lama que vazou com o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco.
Já com o novo método, uma vez secos, os rejeitos são compactados para o empilhamento, formando pilhas que, à primeira vista, lembram montanhas. Essa mesma tecnologia europeia, segundo explicaram os técnicos, já é comumente usada no Brasil para o beneficiamento do minério, mas até então não havia sido aplicada para o trato de resíduos.
Apesar dessas vantagens, o diretor da empresa, Rodrigo Nogueira, explicou que o que determinou o uso da tecnologia europeia para o tratamento de resíduos na mina de Ouro Preto foi a ausência de topografia e de dimensão adequadas à implementação de barragens no terreno, onde não havia vales para sustentar a contenção. Diferentemente das demais minas da empresa, no mercado há 50 anos, em que foram implantadas as clássicas barragens de rejeitos. Participaram da visita, ainda, os deputados Agostinho Patrus (PV), Gil Pereira (PP) e Alencar da Silveira Jr. (PDT).
PL estabelece licenciamento mais rigoroso
O deputado Paulo Lamac é o responsável pelo Projeto de Lei 169, que prevê critérios mais rigorosos para a instalação de barragens em Minas Gerais. Proposto no início de 2015, bem antes da tragédia de Mariana, o PL, oriundo de proposição de autoria do ex-deputado Almir Paraca, que não concorreu à reeleição na atual legislatura, está em tramitação na Assembleia e dá especial atenção à concessão de licenciamentos para implantação desses empreendimentos.
“É uma discussão técnica, mas um dos temas que estamos tratando no projeto é o de criar a impossibilidade de que barragens sejam construídas acima de comunidades que já estejam nos locais dos empreendimentos, como foi o caso de Bento Rodrigues, localidade devastada pelo rompimento do depósito da Samarco”, disse Lamac.
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