Comandante da Polícia fala sobre segurança

Comandante da Polícia fala sobre segurança

O tentente coronel Machado é especialista em gestão social gestão e estratégia de segurança pública. Na entrevista o comandante da 10º Cia independente de Polícia Militar de Viçosa explicou sobre os desafios da implantação de fato da independência da PM no município e informou que os setores de segurança pública juntamente com legislativo, executivo e sociedade estão abertos para uma articulação e iniciando conversas para que os resultados das ações de segurança pública de Viçosa sejam positivos.
“Uma cidade que não tem organização se instala o caos, precisamos de organização”. disse.
“Já existe um interesse de mudança por parte do legislativo e executivo: isso é muito bom”. acrescentou
Folha: Quais os desafios e projetos futuros da 10ª Cia em prol daSegurança de Viçosa?
Os desafios podem ser divididos em duas áreas. Uma é em relação estrutural da área administrativa, que talvez sejam os maiores desafios, isto é, a instalação definitivamente da unidade, pois nós saímos de um patamar onde toda parte burocrática e administrativa era desenvolvida por Ubá e agora isso tem que ser desenvolvido por Viçosa. Temos que estabelecer processos, rotinas, corrigir desvios que por ventura aconteciam antes, introduzir uma cultura administrativa mais intensa.
Já o desafio operacional é a redução dos índices de criminalidade e o aumento da sensação de segurança.
Folha: Hoje se instalou nos viçosenses uma sensação de insegurança. O que fazer para reverter esse quadro?
Se formos analisar os números friamente, eles apontam para uma estabilização da criminalidade em relação ao ano passado. Ocorre que houve uma concentração no ultimo mês na questão de homicídio. O que eu posso dizer é que a segurança pública é um contexto, uma engrenagem,e a polícia militar faz parte dessa engrenagem. O que tange a polícia militar é articular o sistema para poder buscar soluções articuladas, desenvolver operações, trabalhar a inteligência policial da segurança pública para que a atuação seja uma atuação com foco definido. O criminoso tem que ser identificado, um padrão criminal identificado para que a polícia militar repressiva seja direcionada a esse padrão. E para o cidadão de bem, queremos desenvolver ações de proximidade para atender às demandas da sociedade. Como eu disse-a segurança pública é um contexto e a PM é um pedaço dela e existem outros pedaços desse contexto que precisam receber atenção e sempre de maneira articulada. Não adianta cada um atuar na sua área se não houver uma articulação.
Folha: Hoje existe uma parceria entre a PM e outros órgãos de segurança Pública?
Sim, existe uma parceria, mas a gente percebe a necessidade de uma articulação dessa parceria, o que já está se iniciando com algumas conversas junto à Câmara Municipal, Executivo, Ministério Público, Delegado da Polícia Civil. Então eu acredito muito nessa parceria articulada. Acredito que já existia essa articulação, mas ela deva ser mais intensa.
Folha: Como o senhor vê a situação dos menores infratores na região de Viçosa?
Não é uma realidade só de Viçosa. O trato com o menor infrator deve ser especial, tanto que existe um estatuto só para essa questão. Porém, o que está previsto nele não é executado por questões estruturais.
Folha: Há recursos suficientes para o senhor comandar a 10ª Cia de Viçosa?
Há 27 anos estou na PM e ouço falar sobre falta de recursos, 27 anos que ouço falar sobre, falta de efetivo, falta de viatura, mas o nosso papel aqui é trabalhar com os recursos disponíveis. Evidentemente, nós iremos buscar mais recursos e fazer visitas a Belo Horizonte, pois a vantagem de ser uma Cia Independente é essa autonomia para buscar recursos, mas não posso esperar tais recursos para fazer o trabalho, digo que vamos construir nossa jangada com os gravetinhos que temos.
Folha: Como será a parceria entre a Polícia Civil e Militar? Existe essa parceria?
Existe parceria mas, a PM pretende, assim com a Polícia Civil se aproximar mais e trabalhar com a inteligência. Porque a atuação das policias passa pela inteligência para que possamos atuar da maneira certa, no local certo na hora certa.
Folha: Em Viçosa, o maior número de homicídios está entre homens jovens que têm algum envolvimento com o tráfico. Como será trabalhada essa questão? E em relação a roubos com dupla de motoqueiros armados?
Identificar o padrão criminal e atuar com base nesse padrão. Se são motociclistas que cometem crimes, vamos atuar repressivamente nos motociclistas. Já os homicídios desse perfil é uma realidade nacional: o brasileiro tem muita dificuldade de encontrar causas, geralmente a gente aponta muito em cima de efeitos. Precisamos entender o que leva o cidadão a cometer homicídio. Tive a oportunidade de trabalhar em São João Del Rei e lá conseguimos reduzir a criminalidade a partir do momento que identificamos as causas. Temos que tratar a causa, temos que entender o crime, saber o porquê as pessoas matam. Dai, temos que fazer um trabalho nesse sentido, temos que nos aproximar da Universidade, da Polícia Civil para nos ajudar nas técnicas para desenvolver esse trabalho.
Folha: Sobre os índices da Violência e criminalidade em Viçosa, o que o senhorpode explanar?
Pelo que pude apurar em relação ao ano passado, Viçosa está numa estabilidade, mas temos uma questão que precisamos apurar e ver qual é a repercussão nesses dados. Nós temos dois crimes muito semelhantes que é o roubo e a extorsão; e havia ou ainda há certa confusão ao codificar essas ocorrências. Temos que entender onde está essa confusão para poder codificar de maneira correta. Daí não posso falar que isso será favorável ou desfavorável à sensação de segurança. Pedi para apurar esses dados. O que eu posso dizer é que não vou passar números falsos. Posso dizer que analisei rapidamente os históricos e percebi um equilíbrio nos números de 2015 em relação aos de 2014. Prefiro ter mil% de aumento do que ficar mascarando dados.
Folha: Quanto ao efetivo comandado?
A resposta da nossa tropa é uma resposta excelente: em vários roubos e homicídios tivemos a prisão; e quando não houve prisão com recuperação da arma, houve a identificação da autoria, então eu considero o trabalho de repressão da polícia militar de Viçosa de alto nível.