Aumento no transporte coletivo mantém a tendência de alta de preços em Viçosa

Aumento no transporte coletivo mantém a tendência de alta de preços em Viçosa

A inflação do mês de junho, calculada pelo Departamento de Economia da UFV, foi de 0,14%. Apesar de tal índice indicar, na média, elevação nos preços dos bens consumidos, tal valor foi inferior ao verificado para o país como um todo, já que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e utilizado pelo governo como a medida da inflação oficial do país, registrou 0,79% em junho.

Em contrapartida, o custo da cesta básica no município de Viçosa apresentou em junho deflação de -5,17%.

No mês corrente, conforme pode ser visualizado pela Tabela 2, dos sete grupos que compõem o IPC-Viçosa, quatro apresentaram elevação de preços conforme segue: Transporte e Comunicação (1,06%), Educação e Despesas Pessoais (0,85%), Habitação (0,41%) e Alimentação (0,11%). Os demais grupos apesentaram deflação, a saber: Artigos de Residência (-0,06%), Saúde e Cuidados Pessoais (-0,13%) e Vestuário (-3,68%).

Tabela 2 - Variações mensais e acumulada dos Grupos que compõem o IPC-Viçosa

 

Fonte: IPC-Viçosa/DEE/UFV.

Nota: (1) Em virtude da introdução da nova Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), conforme discutido no relatório do IPC-Viçosa do mês de agosto de 2014, ainda não é possível, para o mês corrente, calcular o IPC-Viçosa acumulado nos últimos 12 meses, uma vez que os cálculos de variações de preço a partir da nova POF não são diretamente comparáveis com aqueles obtidos por meio da POF anterior.

Em junho, as variações de preços de cada Grupo do IPC-Viçosa foram as seguintes:

Transporte e Comunicação (1,06%): no referido Grupo, a alta significativa foi no subgrupo Transporte Coletivo Urbano, ocasionada pelo aumento de 12,50% na Tarifa de ônibus urbano, que passou de R$ 2,00 para R$ 2,25.Educação e Despesas Pessoais (0,85%): neste Grupo, as elevações de preços ocorreram, principalmente, no subgrupo Educação (0,80%), com destaque para o item Material Escolar (5,25%), do qual ressaltam-se as altas de preço dos produtos Caderno espiral – 10 matérias (6,91%) e Lápis de Cor (8,09%).Habitação (0,41%): aqui, enfatiza-se as altas de preços nos subgrupos Animais Domésticos (8,54%) e Material de Consumo (2,57%). Em termos de produtos, o destaque foi Ração para cachorro (8,63%) e Amaciante de roupas (18,53%), respectivamente.Alimentação (0,11%): ressaltam-se as elevações de preços nos itens Carnes processadas (6,44%), Bebidas Não-Alcoólicas (4,31%) e Frutas (2,86%). Em termos de produtos dentro desses itens, enfatiza-se as seguintes altas de preços: Presunto (18,08%), Café moído (7,24%) e Caqui (24,04%).Artigos de Residência (-0,06%): a queda neste Grupo foi proveniente das variações nos preços de produtos dos itens Eletrodomésticos (-1,32%) e Utensílios de Cozinha (-0,24%). Dentro do item Eletrodomésticos, destaca-se a queda de preços do Liquidificador (-5,96%) e Fogão 4 bocas (-2,65%). Já no item Utensílios de Cozinha, o destaque foi Garrafa Térmica (-8,67%).Saúde e Cuidados Pessoais (-0,13%): destaca-se neste Grupo, variações negativas no subgrupo Higiene e Cuidados Pessoais (-1,05%), quais sejam: Produtos para Higiene da Boca (-0,36%) e Produtos para Mãos e Unhas (-2,17%).Vestuário (-3,68%): este Grupo apresentou considerável deflação no subgrupo Roupas (-1,48%) e Calçados e Acessórios (-9,49%). Dentro destes subgrupos, tiveram destaque as quedas nas Roupas Infantis (-7,81%), Roupas Femininas (-2,40%) e Calçados (-10,14%).

A Tabela 3 mostra os impactos, em pontos percentuais, para o valor do índice no mês de junho, para os Grupos que compõem o IPC-Viçosa.

Tabela 3 – Impacto, em pontos percentuais, para o valor do índice no mês de junho de 2015 das variações de preço verificadas nos Grupos do IPC-Viçosa

IPC-Viçosa / DEE / UFV

Pela Tabela 3, pode-se observar que o Grupo com maior impacto no IPC-Viçosa de junho foi Transporte e Comunicação, representando 0,1829 ponto percentual da variação de 0,14% verificada. Dessa forma, caso fosse considerado apenas esse grupo para o cálculo da inflação em Viçosa, a mesma seria 0,04 ponto percentual superior. O produto que mais contribuiu para a alta de preços no grupo foi a Passagem de ônibus urbano, a qual teve o reajuste autorizado pela Prefeitura Municipal de Viçosa a partir do dia 24 de junho. Dessa forma, o valor que antes era de R$ 2,00 passou para R$ 2,25, representando 12,50% de aumento e impacto de 0,1852 ponto percentual no valor do IPC-Viçosa de junho.

Em relação ao aumento do custo do transporte público, é importante destacar que o mesmo impacta diretamente aqueles que necessitam desse meio de locomoção para trabalhar e/ou estudar. Nesse sentido, o cidadão viçosense que utiliza o ônibus como meio de transporte, 4 vezes ao dia durante 22 dias do mês, terá o seu custo aumentado de R$ 176,00 para R$ 198,00, ou seja, R$ 22,00 a mais.

O segundo grupo com maior impacto para o comportamento dos preços em Viçosa foi Habitação, representando 0,0910 ponto percentual do índice calculado. Os produtos com maior elevação nesse grupo foram: Amaciante de roupa (18,53%), Desinfetante (15,71%), Sabão em barra (8,75%), Ração para cachorro (8,63%) e Alpiste (8,68%).

Por outro lado, é importante ressaltar que a variação positiva relativamente moderada do IPC-Viçosa em junho deveu-se em grande parte à deflação verificada no Grupo Vestuário, já que a mesma foi responsável por -0,1987 ponto percentual do índice para o mês corrente. Tal resultado é decorrência das vendas abaixo do esperado no setor em função da desaceleração da economia brasileira e dos juros altos que tornam mais caro o crédito para o consumidor. Neste contexto, assim como tem ocorrido no país, os lojistas viçosenses adiantaram as liquidações de inverno logo no início da estação, como tentativa de aumentar as vendas.

Os produtos e serviços que apresentaram as maiores e menores variações de preços em Viçosa no mês de junho de 2015 encontram-se na Tabela 4.

Tabela 4 - Produtos e serviços que apresentaram as maiores e as menores variações de preços em Viçosa, no mês de junho de 2015

 

Fonte: IPC-Viçosa / DEE / UFV.

Quanto à cesta básica, a Figura 1 mostra o seu comportamento nos últimos 12 meses. Especificamente para o mês de junho, o custo de tais produtos recuou em 5,17%.

Figura 1 - Comportamento da Cesta Básica no período compreendido entre julho de 2014 e junho de 2015

Fonte: IPC-Viçosa/DEE/UFV.

A mesma tendência de baixa para os preços dos produtos básicos foi verificada no Brasil, uma vez que segundo a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), em 15 das 18 capitais para as quais a pesquisa é realizada, também houve diminuição no custo da cesta básica.

Em termos de valor, a cesta básica, em Viçosa, no mês de junho, foi de R$ 284,70, ou seja, R$ 15,52 mais barata em comparação ao mês de maio.

Conforme a Tabela 5, os produtos que mais contribuíram para a queda no custo total da cesta básica foram os seguintes: Tomate (-26,49%), Feijão vermelho (-14,46%) Batata (-5,28%) e Banana prata (-3,30%).

No caso do tomate, a redução no preço do fruto deveu-se a entrada da colheita de inverno no mercado aumentando dessa forma, a oferta do produto. Em relação ao feijão, a queda de preço foi o resultado da entrada no mercado das safras do Centro-Sul do país.

Tabela 5: Composição e custo da cesta básica de alimentação em Viçosa no mês de junho de 2015

 

Fonte: IPC-Viçosa/DEE/UFV.

O trabalhador viçosense que ganhou um salário-mínimo de R$ 788,00 em junho, gastou 36,13% de sua renda para adquirir os produtos que compõem a cesta básica de alimentação, sendo que em maio, tal valor havia sido de 38,10% da renda. Dessa forma, em junho, após a aquisição da cesta básica, restou ao trabalhador R$ 503,20 para atender às demais despesas de moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, vestuário e transporte.

Em termos de horas trabalhadas, no mês de junho foram necessárias 79,49 horas para adquirir os produtos da cesta básica de alimentação enquanto em maio, tal valor foi de 83,82 horas.

Preços observados do dia 10 a 20 de cada mês. A cesta básica representa os gastos com alimentação de um trabalhador adulto (Decreto-lei 399 de 30.04.1938).