Assassinato de grávida em Ponte Nova Delegado conclui que Gilmária agiu sozinha para retirar bebê
A Polícia Civil de Ponte Nova concluiu, na segunda-feira, 27, depois de 26 dias de investigações, o inquérito sobre o desaparecimento de um recém-nascido e a morte de sua mãe, Patrícia Xavier da Silva, 21. A delegada regional, Iara Gomes, e o delegado de homicídios, Silvério Rocha de Aguiar, responsável pelo inquérito, divulgaram detalhes da investigação que concluiu que a doméstica Gilmária Silva Patrocínio, 33, matou Patrícia, retirou de seu ventre o bebê e o sequestrou.
Depois que bombeiros militares encontraram o corpo de Patrícia, no dia 30 de junho, é que a polícia prendeu e ouviu de Gilmária sua confissão. 24 horas depois, os passos seguintes da investigação foram para confirmar se a suspeita realmente agiu sozinha. Além de imagens de vídeo, a Polícia Civil usou dois bonecos para reconstituir os procedimentos da autora para retirar o bebê da barriga da vítima. Segundo a polícia, Gilmária simulou uma gravidez para enganar seu companheiro.
Presa desde o dia 30 de junho, numa cela isolada no Complexo Penitenciário de Ponte Nova, a doméstica foi indiciada pelos crimes de homicídio qualificado, por motivo torpe e por meio cruel e dissimulado; ocultação de cadáver; dar parto alheio como próprio; e subtração de incapaz. Somadas as penas, Gilmária pode pegar até 45 anos de prisão.
O crime bárbaro aconteceu no dia 26 de junho, quando Patrícia, já na fase final da gravidez, saiu de casa no bairro São Pedro e foi ao Hospital Nossa Senhora das Dores, se consultar e a partir daí não foi mais vista. A investigação começou logo que a polícia foi notificada do desaparecimento.
De posse das imagens dos circuitos de segurança do hospital e de uma farmácia próxima, que registraram Patrícia entrando e saindo da unidade de saúde e se deslocando em direção à praça central da cidade, os investigadores procuraram reconstituir os passos da mulher. Eles identificaram, junto à empresa responsável pelo transporte coletivo da cidade, que Patrícia utilizou o cartão de vale-transporte do companheiro, ao entrar em um ônibus em direção ao bairro Vale Verde. Testemunhas informaram à polícia que viram a grávida em companhia de uma mulher baixa, obesa e de cabelos crespos, indo em direção à Fazenda da Estiva. A mulher era Gilmária.
Após o crime, Gilmária colocou a criança em uma caixa de papelão e foi para sua casa, de onde ligou para os bombeiros pedindo socorro, dizendo ter dado a luz a uma criança. Ela foi socorrida e levada juntamente com a criança, ao hospital, onde permaneceu internada por dois dias.
A criança chegou a ser registrada como filho de Gilmária, com o nome de João Vítor Patrocínio da Silva.
Segundo a polícia, Gilmária atraiu Patrícia, dizendo que sua patroa queria doar um enxoval de bebê. Quando se aproximaram do local da execução, Gilmária golpeou a cabeça da vítima com um pedaço de pau.
Numa bolsa encontrada com Gilmara a polícia encontrou luvas cirúrgicas e vários materiais usados em procedimentos cirúrgicos, o que demonstra que a autora premeditou o crime.
No dia 30 de junho, uma equipe do Corpo de Bombeiros localizou o corpo de Patrícia em uma construção abandonada entre o bairro Vale Verde e a Fazenda Estiva. O corpo estava sob uma caixa d’água, com as mãos e pés amarrados, amordaçada, com uma lesão no pescoço que é apontada pela polícia como a causa de sua morte. Ela ainda apresentava um corte no abdômen, feito com uma lâmina de barbear e sem a criança. O delegado informou que exames médicos realizados no corpo da vítima demonstram que quando a criança foi retirada, Patrícia ainda estava viva.
Após o descobrimento do corpo, Gilmária novamente deu entrada no hospital, em decorrência de uma crise de hipertensão. Ao passar por exames, a equipe médica constatou que ela não apresentava sinais de ter engravidado e muito menos de ter parido, o que foi reportado à Polícia Civil, que conseguiu retirar a guarda da criança de Gilmária e de seu marido e a entregou ao Conselho Tutelar e atualmente está sendo cuidado pelos pais de Patrícia.
O delegado Silvério Rocha relatou que o corpo de Patrícia foi encontrado no dia 30 e em apenas 24 horas o caso foi esclarecido graças ao esforço da equipe policial e à colaboração de várias pessoas da cidade.
O delegado já solicitou à Justiça a soltura de um homem investigado como suspeito de envolvimento no caso. Herli Custódio Marçal, de 48 anos, não teve participação nos crimes e deverá ser liberado pela Justiça nos próximos dias.
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