Análise: Viçosa está longe de cumprir Plano de Mobilidade Urbana

As calçadas e várias ruas de Viçosa, a exemplo de outras cidades brasileiras, apresentam obstáculos que dificultam ou impedem o deslocamento de pedestres, especialmente aqueles portadores de deficiência ou mobilidade reduzida.

A reportagem do Folha da Mata percorreu as principais ruas, principalmente na região central da cidade, onde pode observar os desníveis, alguns bem acentuados das calçadas, calçadas extremamente estreitas e com obstáculos fixo (postes de iluminação pública) que impedem qualquer possibilidade de passagem de cadeirantes; ruas estreitas com mão dupla de direção; além de outros obstáculos ocasionais, como bicicletas, tapumes e vasos de plantas em calçadas; isso sem contar com o mal estado de conservação de algumas ruas e calçadas.

As principais vias que há muito exigem solução são a rua dos Passos (principalmente entre a Praça da Igrejinha dos Passos até a rua Benjamim do Carmo), que além de mão dupla apresenta calçadas estreitas, oferecendo riscos para os pedestres e impossibilidade a cadeirantes; Rua Tenente Kümmel, em frente ao Lar dos Velhinhos (mão dupla, calçadas estreitas e área de estacionamento), Rua Virgílio Val (estacionamento e calçadas estreitas), rua Alino Correia Borges e Avenida Jacob Lopes de Castro (calçadas completamente desniveladas, algumas oferecendo perigos até para pessoas que não apresentam mobilidade reduzida); travessa Doutor Horta (calçadas reduzidas); e avenida Marechal Castelo Branco, principalmente no trecho entre as ruas Nasser Simão Muanis e José Medina Floresta, (uso das calçadas para estacionamento e exposição de veículos, barreiras arquitetônicas, tapume cercando terrenos, falta de calçadas decorrentes de enormes buracos rentes à pista, entre outros). De todas, esta é a via que merece mais atenção e significa um verdadeiro desafio para todas as administrações.

Os problemas apresentados não são decorrentes da atual administração. Outras também não conseguiram solucioná-los, com criação de rotas acessíveis, promovendo a eliminação de degraus e demais obstáculos que prejudicam, principalmente, o tráfego das pessoas com dificuldade de locomoção, bem como com a sinalização para aquelas que apresentam baixa acuidade visual, ou completamente cegas. 

Algumas providências foram tomadas. A primeira delas, foi a construção do Calçadão da rua Arthur Bernardes, no início da década de 80, na administração César Sant’Anna Filho, obra muito criticada na época, mas que mostrou um excelente ganho, tanto para os comerciantes da área quanto para as demais pessoas que ali frequentam. Outras ações - em outras administrações - se seguiram, como Calçada da Travessa Sagrado Coração (Calçadinho), alargamento das calçadas da rua Benjamim Araújo (na época foi levantada a possibilidade de fazer o mesmo na Virgílio Val), rua Dona Gertrudes e Travessa Belo Lisboa. 

Poucas melhorias desse porte foram feitas depois, mas, atendendo exigências do Plano de Mobilidade Urbana de Viçosa (PlanMob), aprovado em maio de 2020, que proíbe degraus ou rampas para acesso à imóveis nas calçadas, a Prefeitura de Viçosa promoveu algumas ações no centro da cidade, em pontos já demarcadas, como em um pequeno trecho da avenida P. H. Rolfs, entre a rua dos estudantes e as Quatro Pilastras da UFV (Universidade Federal de Viçosa). 

O diretor do Geoplam (Geoprocessamento, Planejamento e Meio Ambiente do Município de Viçosa), Douglas Ferreira Silva, disse que os projetos para atender o PlaMob, principalmente na área central, já foram elaborados e encaminhados à secretaria de Obras para execução. Ele afiançou que a paralisação das obras deve ser decorrente do período chuvoso, quando o pessoal do setor foi deslocado para resolver questões emergenciais, mas os trabalhos deverão ser retomados depois. Douglas falou também que o Geoplan está finalizando uma cartilha – que será veiculada junto à Correspondência do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)  para orientar a população sobre a necessidade de regularização das calçadas.