Produtores da região de Viçosa participam de ato contra importações de leite em BH

Importação do produto tem gerado queda de preço pago ao produtor mineiro

Produtores da região de Viçosa participam de ato contra importações de leite em BH

Mais de 7 mil produtores de leite se reuniram para reivindicar o fim das importações de leite em pó do Mercosul e exigir medidas emergenciais para salvaguardar o segmento leiteiro de Minas Gerais e do Brasil. O evento do movimento “Minas Grita pelo Leite!” aconteceu no auditório do Expominas, em Belo Horizonte, que ficou lotado na manhã desta segunda-feira (18).

A iniciativa, liderada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), contou com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), sindicatos rurais, cooperativas e mais de 80 autoridades dos poderes Executivo e Legislativo.

Um dos pontos altos do evento foi o anúncio, feito pelo governador Romeu Zema, de mudanças no ICMS para laticínios que importam leite. “Nós temos laticínios em Minas Gerais que possuem um regime especial de tributação, uma vantagem com relação ao ICMS. Alguns deles importam leite e, a partir de hoje, vamos retirar o incentivo para isso. Para mim, isso é tratar justamente quem produz, paga imposto e gera emprego aqui em Minas Gerais”, disse.

Em Minas, especificamente, vários produtores se veem obrigados a deixar a atividade leiteira em função da competição desleal de mercado originada pela importação do produto, que contribui de forma contundente para a queda de preço do leite pago ao produtor.

“O Governo de Minas teve a sensibilidade de fazer a parte dele. E estamos aqui tentando sensibilizar o Governo Federal para enxergar o tamanho do problema. São 220 mil produtores de leite em Minas. No Brasil inteiro, 1,1 milhão. O Governo Federal precisa valorizar o produtor rural brasileiro e não o produtor argentino e uruguaio. Se continuar assim, certamente teremos desabastecimento muito em breve, e a conta será paga por muitos consumidores mineiros e brasileiros”, declarou o presidente da Faemg, Antônio de Salvo.

Para a presidente da Frente Parlamentar de Apoio ao Produtor de Leite, deputada federal Ana Paula Leão, o evento é importante para fazer ecoar por todo o Brasil o grito de Minas em prol do produtor de leite. “O que a gente espera de fato do governo? Que ele faça cumprir o termo de acordo do Mercosul, que diz que a competitividade do preço tem que ser leal. Precisamos sair com a renegociação de dívidas para os produtores de leite e com políticas públicas estruturantes”.

O presidente Antônio de Salvo e o governador Romeu Zema, assinaram, durante o evento, o manifesto “Minas Grita pelo Leite!”. O documento reivindica, entre outras iniciativas, a suspensão das importações subsidiadas da Argentina e do Uruguai ou adoção medidas compensatórias ou salvaguardas imediatas; o Plano Nacional de Renegociação de Dívidas de todos os produtores de leite, a inserção permanente do leite nos Programas Sociais do Governo Federal e a ampliação da fiscalização no âmbito do Decreto 11.732/2023, que visa estimular a venda de leite in natura por meio de benefícios governamentais.

PECUÁRIA LEITEIRA EM VIÇOSA

O vereador Marcos Roberto Fialho, que já foi secretário de Agricultura de Viçosa, participou do evento junto com produtores de Viçosa, Teixeiras, Paula Cândido e Cajuri. Ele considera a pecuária leiteira como a principal atividade econômica no meio rural de Viçosa, com uma produção de leite estimativa em 25 mil litros por dia.

Para Marcos, grande parte da atividade agrícola em Viçosa, especialmente o plantio de milho, está voltada para sustentar a pecuária leiteira, seja fornecendo grãos ou silagem. O vereador ressaltou que qualquer problema que afete o preço do produto compromete toda a estrutura agrícola desenvolvida no município, enfatizando a importância de fortalecer e buscar melhorias para o setor.

Fialho expressou preocupação com o desânimo de muitos produtores de leite, destacando que muitos estão deixando a atividade, o que representa um risco para a economia local.

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