Brasileiros voltam a depositar dinheiro na poupança e bancos captam mais de R$ 6 bilhões em julho

Pelo quarto mês seguido em 2021, o valor depositado pelos brasileiros nas cadernetas supera os saques

Brasileiros voltam a depositar dinheiro na poupança e bancos captam mais de R$ 6 bilhões em julho

A aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros, a poupança, registrou o quarto mês seguido de desempenho positivo, em que os valores depositados superam o total de dinheiro sacado. Em julho, as pessoas que tem contas em banco depositaram R$ 6,37 bilhões a mais do que sacaram na caderneta de poupança, informou o Banco Central (BC).

O principal responsável pelo resultado positivo na poupança foi a retomada do pagamento do auxílio emergencial. A Caixa Econômica Federal depositou o dinheiro em contas poupança digitais, que acumulam rendimentos. Nesta rodada, o benefício paga parcelas de R$ 150, R$ 250 e R$ 375 por mês, dependendo da família do beneficiário.

Apesar do desempenho positivo, a captação é inferior à registrada em julho do ano passado. Naquele mês, os brasileiros tinham depositado R$ 28,14 bilhões a mais do que retiraram da poupança. Com o desempenho de julho de 2021, a poupança acumula retirada líquida de R$ 10,16 bilhões nos sete primeiros meses do ano.

No ano passado, a poupança tinha captado R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da série histórica. Além do depósito do auxílio emergencial nas contas poupança digitais ao longo de oito meses em 2020, a instabilidade no mercado de títulos públicos nas fases mais agudas da pandemia da Covid-19 atraiu o interesse na poupança, mesmo com a aplicação rendendo menos que a inflação.

Quanto rende a poupança

Com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança rendeu apenas 1,72% nos 12 meses terminados em julho, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação, atingiu 8,59%.

A perda de rendimento da poupança está atrelada a dois fatores. O primeiro são os juros baixos. Atualmente a taxa Selic (juros básicos da economia) está em alta e foi elevada para 5,25% ao ano. O segundo fator foi a alta nos preços dos alimentos e do dólar, que impacta a inflação desde o segundo semestre do ano passado. Mesmo assim, as recentes elevações na Selic estão voltando a atrair o interesse do brasileiro na caderneta.

Para este ano, o boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 6,79% pelo IPCA. Com a atual fórmula, a poupança renderia pouco menos de 3,675% este ano, caso a Selic permanecesse em 5,25% durante todo o ano. O rendimento pode ser um pouco maior caso o Banco Central continue a aumentar a taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária.