Sindicalistas da Uemg e Unimontes apontam perda salarial de quase 85%

Os servidores estaduais vinculados às Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) apontam, a partir de estudos técnicos, cerca 72% de perda salarial para professores e 84% para técnicos e analistas nos últimos anos. A falta de reajuste, o aumento da inflação e a ausência de reestruturação de carreiras foram os principais motivos, de acordo com os sindicalistas.
Eles estiveram na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na última quinta-feira (27) para o lançamento da campanha salarial 2025.
A recomposição das perdas salariais de professores das universidades públicas do Estado foi uma das principais reivindicações apresentadas por Túlio César Dias Lopes, presidente da Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg).
Em resposta aos servidores, a deputada Lohanna (PV) reafirmou a necessidade de atendimento da demanda. “A Uemg e a Unimontes, em um Estado tão importante como Minas Gerais, têm o segundo pior salário de professor universitário do País”, lembrou a parlamentar.
Acordo de 2016 sendo ignorado
Outro ponto de reivindicação da campanha salarial é o respeito ao acordo realizado entre as entidades sindicais da categoria e o Governo de Minas Gerais em 2016, quando foi realizada uma das maiores greves dos servidores das duas universidades.
À época, o Poder Executivo se comprometeu com a incorporação das gratificações no vencimento básico dos servidores e uma carreira compatível com a função de um professor universitário. Porém, segundo os sindicalistas presentes na audiência, nada foi cumprido, sob a justificativa de falta de dinheiro, diante do déficit orçamentário do Estado.
A justificativa orçamentária foi classificada pela deputada Bella Gonçalves (Psol) como “falaciosa”. “Um Estado que dá R$22 bilhões de isenção fiscal, mas não quer diminuir o ICMS dos alimentos, mostra que existe um direcionamento claro de priorizar um grupo de empresários, uma casta política que não se preocupa com o serviço público, com a vida do trabalhador”, afirmou a parlamentar.
Para Wilma Guedes de Lucena, diretora do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), o ingresso do Estado no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) traz impactos negativos para a garantia de investimentos nas carreiras dos servidores.
Projetos buscam garantir pontos do acordo
As questões tratadas pelo acordo de 2016 e que não foram executadas pelo Estado são objeto de dois projetos de lei de autoria da deputada Beatriz Cerqueira. Ambos foram protocolados neste ano e aguardam análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O Projeto de Lei (PL) 3.218/24 institui a dedicação exclusiva como regime de trabalho preferencial nas universidades estaduais. Já o PL 3.219/24 cria funções gratificadas para os professores que ocupam cargos de gestão na Uemg.
Ildenilson Barbosa, presidente da Associação dos Docentes da Unimontes, elogiou a iniciativa da ALMG de buscar garantir pela via legislativa que essas duas demandas sejam atendidas. “Se não fosse esse espaço, estaríamos a ver navios completamente”, afirmou.
Comentários (0)
Comentários do Facebook