Deputado Roberto Andrade defende articulação entre universidades e empresas

Deputado Roberto Andrade defende articulação entre universidades e empresas

A Assembleia de Minas realizou, nos dias 3 e 4 deste mês, o Ciclo de Debates: Retomada do Desenvolvimento Econômico, evento que reuniu parlamentares, empresários, especialistas e interessados em discutir formas de alavancar o progresso em Minas Gerais. O deputado Roberto Andrade (PHN) defendeu maior aproximação entre universidades e empresas, com a participação do governo, por meio de órgãos de fomento à pesquisa. Os painéis abordaram empreendedorismo, inovação e tecnologia.
Roberto Andrade, que presidiu parte dos trabalhos, disse que pediu para estar à frente do debate por ser de Viçosa, “uma cidade empreendedora, sede de uma das universidades federais de maior destaque do País”. Ao final, ele agradeceu o presidente da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo, deputado Antônio Carlos Arantes, autor do requerimento para realização do evento, e lembrou que, no próximo ano, a comissão vai passar a se chamar Comissão de Desenvolvimento Econômico.
Na opinião do diretor executivo do Centro de Inovação e Tecnologia (Cetec), José Policarpo Gonçalves de Abreu, é fundamental consolidar uma ponte de entendimento” entre os dois setores – indústrias e instituições de ensino e pesquisa. Segundo ele, o Brasil é o 13º produtor mundial de boa ciência, mas ocupa a 70ª colocação em inovação “por causa dessa dicotomia entre universidade e empresa”.
O pesquisador destacou que, no Brasil, 90% dos doutores estão na universidade, enquanto nos EUA 80% estão na indústria. “É preciso aproximar o mundo científico do mundo industrial, e o produto que a universidade tem para oferecer é conhecimento”, salientou, acrescentando que “é um absurdo colocar uma tese ou uma patente na prateleira”.
Heber Pereira Neves, gerente de inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), observou que na articulação entre governo, empresa e universidade, surgem outros atores da sociedade civil e, nessa interação, há um fomento ao empreendedorismo e à inovação e tecnologia.
Ele explicou que, no mundo, existem três modelos que mapeiam essa interação. No Brasil e na América Latina, a relação entre os três segmentos é fraca. Nos países asiáticos, como Coreia do Sul e Cingapura, predomina o modelo conhecido como “catching up”, em que é maior a relação entre universidade e empresa. No terceiro modelo, a interação é maior entre os três setores. Esse modelo, diz ele, é o que predomina nos Estados Unidos e na Europa. Na avaliação de Neves, em Minas Gerais se observa uma boa articulação entre o governo, as instituições acadêmicas e as lideranças empresariais, por meio da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg).
A universidade, hoje, segundo ele, não está mais apenas preocupada com ensino, mas também com pesquisa e extensão, além de ser mais empreendedora e preocupada em transferir conhecimento e tecnologia. Contudo, ele acredita que é necessário investir mais em gestão. “A Fapemig tem boa relação com as empresas, apoiamos também incubadoras de negócios e núcleos de formação tecnológica. Temos bons projetos para desenvolvimento de produtos, mas é preciso investir em gestão”, disse.
Ao se apresentar na abertura do painel, a diretora executiva do Sebrae-MG, Maria Carmen Lima Diniz, cobrou a união de esforços para superar a atual crise econômica. “Sem planejamento, somos reféns da urgência. Temos muitas políticas públicas de sucesso e estruturas que promovem o empreendedorismo”, disse, defendendo mais ações mobilizadoras e participativas.
Gláucia Ferreira da Silva, gerente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), observou que em 2015 o banco focou na letra D, de Desenvolvimento, constante do próprio nome. Ela informou que o Estado detém quase 90% de controle do banco, criado em 1962 e hoje presente em mais de 750 municípios mineiros, com 21 clientes em sua carteira ativa. Segundo disse, dos oito mil clientes/ano que procuram a instituição, mais de 70% são pequenas empresas.
A inovação, segundo Gláucia, é um dos focos de atuação do banco, que conta, hoje, com 123 projetos nessa área. “Estamos abertos a financiamentos de inovação para micro, pequenas, médias e grandes empresas. Temos uma estrutura muito boa, nosso desafio é fazê-la funcionar, transformando as ideias em projetos, em fomento à inovação”, concluiu.