Uma a cada três crianças de Viçosa sofre de excesso de peso

Estudo da UFV comprova ainda que a falta de espaços de lazer e calçadas desestruturadas acentuam o problema

Uma a cada três crianças de Viçosa sofre de excesso de peso
Divulgação/UFV

Um estudo da UFV apontou que uma a cada três crianças viçosenses estão com excesso de peso de modo a prejudicar a própria saúde. A falta de planejamento urbano e de espaços para realização de atividades de lazer são fatores principais para a intensificação do problema, favorecendo o sedentarismo e a alimentação não saudável. 

Desde 2015, o trabalho vem sendo conduzido pelo grupo Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar (Pase), do Departamento de Nutrição e Saúde, e coordenado pela professora Juliana Farias de Novaes. Já os dados sobre planejamento urbano foram coletados pelo grupo coordenado pela atual professora da UFMG Milene Cristine Pessoa, ex-aluna de pós-graduação da UFV. 

Juliana explica que uma pessoa que mora em local onde existe um espaço convidativo para a prática da atividade física tem muito mais chance de ser mais ativa do que quem mora em um lugar escuro, inseguro, distante ou inacessível. “Associar-se a um clube ou pagar uma academia não são opções acessíveis às populações mais vulneráveis. Essas pessoas tendem a morar em bairros da periferia, onde as opções de lazer são escassas ou inexistentes, dificultando o acesso a práticas saudáveis de vida”.

A pesquisa avaliou 378 crianças de 8 e 9 anos de idade, matriculadas em 24 escolas urbanas, públicas e particulares de Viçosa. O objetivo foi verificar se há associação dos fatores ambientais no entorno das escolas e dos domicílios nos casos de obesidade. “O excesso de peso nas crianças está em torno de 33% e inclui obesidade e sobrepeso. Hoje, tem sido cada vez mais comum encontrar uma criança com excesso de peso se comparado a alguns anos atrás, quando o sobrepeso era menos prevalente”, afirma Juliana.

As pesquisadoras avaliaram a presença de lojas de alimentos predominantemente ultraprocessados e a disponibilidade de espaços públicos para atividades físicas e áreas arborizadas ou que facilitem deslocamento ativo por meio de caminhadas no entorno das escolas e domicílios. A conclusão é de que o planejamento urbano de Viçosa não contribui para uma mudança de comportamento em busca de uma vida mais saudável. E não se trata apenas de obesidade.

Além disso, os resultados deram origem a uma dissertação de mestrado, duas teses de doutorado e a publicação de seis artigos científicos, que foram apresentados na audiência pública Lazer e Saúde em Viçosa, na Câmara Municipal da cidade, em julho deste ano.

 

Fonte: UFV