Aspuv aponta programa Mais Professores como insuficiente

Professores e especialistas da área acreditam que o programa é um ponto de partida, mas não acaba com a crise docente

Aspuv aponta programa Mais Professores como insuficiente

A Seção Sindical dos Docentes da UFV (Aspuv), em conformidade ao posicionamento do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), declarou que o novo programa de incentivo ao magistério “Mais Professores” é insuficiente para suprir as demandas existentes de desvalorização da categoria. 

Segunda a Aspuv, “nenhum deles promove uma mudança estrutural que garanta a real e efetiva valorização da docência com melhoria nos salários, nas condições de ensino e aprendizagem, nos planos de carreira e na infraestrutura das escolas.”

Lançado no último dia 13, o programa é uma iniciativa do Governo Federal que visa estimular a permanência dos profissionais no magistério, pretende incentivar futuros profissionais a ingressar no ensino público e, ainda, tem o objetivo de capacitar professores através de bolsas de pós-graduação. 

Além disso, entre as ações de incentivo, o “Mais Professores” promoverá bolsas mensais de R$ 2,1 mil para professores da rede pública e de R$ 1.050 para graduandos em licenciatura de qualquer área. Também está previsto a realocação dos respectivos profissionais para regiões de maior carência e a aplicação de uma prova nacional para melhorar a qualidade da formação e estimular novos concursos públicos. 

Ações insuficientes

O programa, no entanto, tem sido criticado por especialistas e pelos próprios sindicatos, como é o caso do Andes-SN e da Aspuv. Isso porque, segundo eles, apesar dos novos meios de incentivo, as ações não solucionam os reais problemas da crise magisterial. Não há garantias de melhor remuneração, condições de trabalho ou uma reestruturação da carreira, apenas ações possivelmente temporárias e que não valorizam a educação brasileira. 

Os especialistas também acreditam que a crise docente no Brasil precisa ser revertida a partir da reformulação estrutural da carreira. Deve-se reajustar os vencimentos, que são um dos mais baixos do mundo, e criar planos de carreira para incentivar a permanência. Também melhorar as condições de trabalho e de infraestrutura, como materiais didáticos eficazes e tecnologias que auxiliam no aprendizado. 

Outro ponto de melhoria apontado por especialistas é a criação de uma formação continuada para que os professores estejam adaptados constantemente às evoluções de ensino. E, ainda, a valorização social da profissão, que caiu ao longo dos últimos anos. Para os especialistas, campanhas de sensibilização ajudariam a restaurar o respeito aos professores.

Esperança em meio a crise magisterial

Já Thiago Santos, doutor em educação pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), acredita que as novas ações vinculadas ao programa Mais Professores “pode salvar e resgatar esperanças de profissionais e de alunos que desistem da carreira”.

Para Thiago, os incentivos serão fundamentais para a continuidade de diversos profissionais no magistério público e, ainda, abrirão portas para diversas pessoas que sonham em trabalhar com a educação, mas não viam futuro na profissão. 

O governo defendeu que os pontos principais do programa são a seleção para o ingresso na docência, a atratividade para as licenciaturas, a alocação de professores, o aperfeiçoamento da formação docente e a valorização da carreira. 

“De modo geral, minha avaliação é positiva sobre o programa”, disse o pesquisador. Ele cita que a política pública pode melhorar a parceria do Ministério da Educação (MEC) com as universidades e também fortalecer a relação federativa em relação à educação, do município até o governo federal.