Caso Gabriel: Testemunhas e réus prestam depoimentos em Viçosa

Em 2015, o corpo de Gabriel foi encontrado pela polícia alguns dias depois do crime, em uma vala que margeia uma estrada vicinal de acesso ao campus da UFV, nas proximidades do campo do Couceiro

Caso Gabriel: Testemunhas e réus prestam depoimentos em Viçosa

O processo envolvendo a morte do jovem Gabriel Oliveira Maciel ganha uma nova etapa neste mês. Réus e testemunhas foram convocados para prestar depoimentos em audiência de instrução, no dia 28 de outubro de 2021. De acordo com a família do jovem, a sessão está marcada para às 13h30, no Fórum de Viçosa, cidade onde o crime ocorreu, em 2015.

Esta é a primeira audiência desta natureza realizada em Viçosa sobre o caso. Na ocasião, quatro réus, que estão sendo acusados de envolvimento na morte de Gabriel, devem prestar depoimento, assim como testemunhas do caso. A sessão é pública e será presidida por um juiz, mas, ao término, não será proferida sentença.

De acordo com a advogada, Carolina Coppo, que representa a família da vítima, as audiências de instrução servem para que a Justiça colete materiais e provas que ajudem a elucidar o caso. No dia 20 de junho de 2016, a Polícia Civil prendeu seis pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato. Todos já estão em liberdade, aguardando o resultado dos julgamentos. Em 2019, foram realizadas audiências de instrução, em Ponte Nova, para ouvir pessoas envolvidas no crime. O processo corre em segredo de justiça.

O Folha da Mata conversou com a avó do jovem, Dona Regina, de 80 anos. Ela disse que, desde o período do crime, passou a usar medicamentos para lidar com o luto. Mas, ainda crê em uma resolução para o caso: “minha expectativa é muito grande pela justiça”. Ela e outros membros da família estarão presentes no dia da audiência. A advogada da família, entretanto, não confirmou se o encontro será realizado presencialmente em Viçosa ou por meio de videoconferência, em função da pandemia.

O CRIME

Gabriel tinha 17 anos na época do crime, em 06 de fevereiro de 2015. Ele desapareceu após ter participado de uma calourada em um sítio localizado no distrito de São José do Triunfo (Fundão), em Viçosa. Depois de muita procura, três dias depois, amigos de Gabriel encontraram seu corpo nu, já em estado de decomposição, jogado numa vala próxima à horta da UFV, nas proximidades do Campo do Couceiro.

Imagens de câmeras de segurança de comércios na estrada que liga o local da festa ao centro de Viçosa revelaram à polícia que um grupo de pessoas o perseguia e ele andava apressado.

A polícia constatou que o corpo de Gabriel apresentava um ferimento profundo na cabeça, produzido por disparo de arma de fogo. A polícia encontrou, durante abordagem em outra ocorrência, a arma que disparou o projétil que atingiu a vítima.

Ainda segundo informações repassadas pela polícia, amigos de Gabriel prestaram depoimento na Delegacia de Polícia e confirmaram que o jovem, quando saía da festa, não conseguiu embarcar no ônibus, depois de um tumulto na porta do coletivo e, por isso, foi embora a pé. A mãe de Gabriel disse à polícia que ele saiu de casa, em Ponte Nova, para se encontrar com sua namorada em Viçosa e juntos, foram à festa.

Gabriel cursava o terceiro ano do ensino médio no Colégio Salesiano Dom Helvécio, em Ponte Nova, e era filho único. A família sempre afirmou que o jovem nunca teve histórico de envolvimento com drogas lícitas ou ilícitas e que não entendem os motivos para o crime. “Mataram uma mãe e uma avó também. Eu deito e acordo pensando nele”, lamentou a avó.